Uma lua de inverno

Uma lua de inverno

quarta-feira, abril 04, 2007

O Sacríficio


Creio que descobri tardiamente Andrei Tarkovsky no final dos anos 80. Desse diretor russo, matenho uma relação psicologicamente forte com dois filmes: Solaris e O Sacrifício. O primeiro eu consumi as duas fitas VHS com a fome de quem cultiva a fantasia de reescrever o passado. O segundo conseguiu imprimir em minha cabeça a passagem que fala sobre o sofrimento educar. No final dessa película uma árvore, melancólica, que alguns teimam em torná-la em esperança. Confesso que sempre tive dificuldades de compreender a dimensão dessa lógica natural da existência dos seres humanos, aprender com o sofrimento. Mas, sempre me perguntei se quando o sofrimento não consegue educar, o que acontece com quem sofre?
Desaducamente morre!

domingo, abril 01, 2007

Dorothy Ashby


Não foi pela via do jazz que encontrei Dorothy Ashby. Muito embora essa maravilhosa harpista e compositora afro-americana seja conhecida pelo seu trabalho jazzístico, Dorothy Jeanne Thompson - seu nome de nascimento - chegou mim até pela força de seu instrumento numa participação no disco "The Source", de Osamu Kitajima, um bom exemplar new age, lá por volta de 1988. Tenho até hoje essa bolacha preta (apesar de também tê-lo em cd). Lembro de ter sentido uma imensa paixão pela harpa de Dorothy na composição "Heavensent" e, sem saber de quem se tratava, fui ao encarte descobrir mais sobre quem me tocava intensamente a alma. A dedicatória de Kitajima era dolorosa. O trabalho fora dedicado a ela, Dorothy, que havia morrido. Fui tomada de uma estranha tristeza, como alguém que tocava daquela forma já tinha morrido?? E eu nunca a veria... Imagino até hoje se ela chegou até a ouvir o resultado final desse disco.
Guardei Heavensent, que tem 25 minutos, no coração, junto com a lembrança não vivida de uma harpista chamada Dorothy, que morrera cedo demais (nasceu em 1932 e morreu em 1986). Hoje com a internet, pude saber mais sobre ela. Leonina como eu (nasci em 07/08 e Dorothy em 06/08) a harpa dessa mulher sempre me leva a um tempo que nem sei se vivi.
Passados quase 20 anos, Dorothy Ashby ainda me toca profundamente, talvez até mais que antes. A ausência dessa mulher, encontrada e perdida, se soma a outras tantas que carrego dentro de mim. Tantas faltas, minhas e dos outros, carregadas nos ombros, indagadas e caladas.
Obrigada Dorothy!