Uma lua de inverno

Uma lua de inverno

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

ge027.jpb Posted by Picasa

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Escuros da ribalta


Quarta-feira é dia "meiote"! Meio de semana, nem a preguiça do começo, nem a expectativa do final. Nem peixe, nem carne...
Mas enfim, nesta madrugada de quarta é que me dou conta de vez que o cine Olímpia vai fechar suas portas amanhã, quinta, desfecho anunciado e com gosto de enterro de companheiro morto pela repressão, quando ainda tínhamos com o que sonhar.
Não há público que justifique o custo de manutenção da sala de exibição mais antiga ainda em funcionamento no Brasil, dizem os administradores.
Fico a pensar. Foram-se quase todos cinemas de rua, substituídos por contemporâneas salas de som Double Digital em shoppings, guarnecidas de pipocas em baldes, refrigerantes aguados em máquinas e menu comercial.
Daí me pergunto se isso é assim mesmo, tudo acaba, afinal? Em Buenos Aires reformaram um conjunto de salas na 9 de Julho e o cinema de rua reabriu suas portas junto com a economia do país, algo de deixar inveja a nós vizinhos menos letrados e menos engajados (sem ofensa a ninguém, contudo, algum dia fomos às ruas bater panelas vazias? Não que eu me lembre).
Bom, mas eu obviamente lamento mais esse espaço perdido, quisera eu que o Unibanco olhasse para o Norte e abrisse ali um espaço. Nem precisava ser tão grande como em São Paulo, ou chique como em Fortaleza, mas algo entre o preservado e a sutil mudança.
Sei lá, acho pouco provável que algo desse tipo ocorra, afinal aqui não chegam coisas boas das grandes cidades: Tok e Stok, Espaço Cultural Banco do Brasil, Rede Metropolitanas de Alta Velocidade, Livraria Cultura, entre outras coisas mais...porém, tem algo que chega, e chega "chegando", tal qual nas grandes metrópoles do país, a violência urbana.
Pois é, na minha intuitiva opinião é ela mesmo que fez com que o Olímpia, o sentar na calçada para papear com vizinhos, andar despreocupada sob os túneis de mangueiras, namorar no carro....tudo isso e outras coisas mais nos fossem roubadas.
E, assim como o senhor secretário de segurança do Estado disse que a violência é culpa da imprensa, deve ser dela também a culpa do Olímpia cerrar suas portas.
Disso tudo, qualquer semelhança com Cinema Paradiso, Splendor e Cidade de Deus não é mera coincidência.
Dormir com um barulho desses, nunca! Haja tartarato de zolpidem.

domingo, fevereiro 12, 2006

Sob luzes e sombras de Wong Kar-Wai


Domingo. Dia de(?). Muita coisa: Churrasco temperado com farofa molhada de chuva e regado a cerveja quente e pagode (arg!). Almoço em família, para os que ainda têm. Sorvete na Cairu depois do tacacá da D. Marina (hummm). Cinema cabeça, que é para a segunda-feira começar pegando logo de 2a. (humm...trocadilho infeliz).
Mas, cinema de domingo à noite com Steven Soderbergh, Michelangelo Antonioni e Wong Kar-Wai juntos num só filme é para deixar qualquer um a se perguntar "que EROS é esse?".
"EROS" é cinema para a iniciados. Nada de coisas dadas assim de mãos beijadas, até pq na vida as coisas não são nunca límpidas e fáceis, ainda mais quando se trata de sexo e amor.
Dos três episódios de "EROS" o melhor é Mãos, do meu cineasta chinês preferido, Wong Kar-Wai. Gong Li, bela e Chang Chen, abnegado dão ao chinês como superar com distância a velha incomunicabilidade de Antonioni e o jogo de sono/sonho/vigilia de Sondenbergh.
Ah! E Caetano a cantar "Michelangelo Antonioni" no intervalo entre cada episódio, a sonorizar ilustrações de corpos que se tocam é qualquer coisa de sublime imaginário.
Domingo perfeito depois das 20h30. Pouco? Não quando se termina um dia sob luzes e sombras, corredores e dores de Wong Kar-Wai.

P.S:Se vale uma frase após aquela que deveria ser a última deste post, assistam EROS, mas antes, vejam "In The Mood for Love" (O amor à flor da pele) de Kar-Wai e depois me digam se estou a flertar com a saudade daquilo que não vivi.