Uma lua de inverno

Uma lua de inverno

sexta-feira, abril 29, 2011

Eu gostava de ti, amor!


Eu gostava de ver o amor. De sair à rua e de repente encontrá-lo no café, ou talvez na classe de inglês básico para adultos. Mas não um amor de filme, um amor de cumplicidade construída, de exigências negociadas e de amizade duradoura.

Eu gostava de ter esse amor. Das sessões de cinema e de passeio sem pretensões. Do guarda-chuva dividido em pleno inverno de um hemisfério qualquer. Dos braços dados de quem vê no outro o companheiro de uma jornada, pequena ou curta, não sei, só o caminhar saberia.

Eu gostava de viver esse amor, com mais sabores do que dores, é facto. Daqueles que com o passar do tempo se mexe levemente os lábios - quase em silêncio -, porque já sabe a história que o outro está a contar, mas não tem importância em ouvir de novo. Um amor sem medo, ou mesmo assustado, que se atreva a tentar saber o que quer. Um amor de beijos, muitos beijos, roubados, afobados ou até afogados em águas de saudades.

Eu gostava de ter segurado em minhas mãos um amor desses. Mas amor não se prende, se deixa solto a voar os percursos necessários para que cresça e faça ninho. Não te percebi bem, amor, daí tal como pássaro, foste. Bem sei que estás por aí, algures.

Eu gostava de te ver, de novo, amor.