Uma lua de inverno

Uma lua de inverno

sexta-feira, abril 29, 2011

Eu gostava de ti, amor!


Eu gostava de ver o amor. De sair à rua e de repente encontrá-lo no café, ou talvez na classe de inglês básico para adultos. Mas não um amor de filme, um amor de cumplicidade construída, de exigências negociadas e de amizade duradoura.

Eu gostava de ter esse amor. Das sessões de cinema e de passeio sem pretensões. Do guarda-chuva dividido em pleno inverno de um hemisfério qualquer. Dos braços dados de quem vê no outro o companheiro de uma jornada, pequena ou curta, não sei, só o caminhar saberia.

Eu gostava de viver esse amor, com mais sabores do que dores, é facto. Daqueles que com o passar do tempo se mexe levemente os lábios - quase em silêncio -, porque já sabe a história que o outro está a contar, mas não tem importância em ouvir de novo. Um amor sem medo, ou mesmo assustado, que se atreva a tentar saber o que quer. Um amor de beijos, muitos beijos, roubados, afobados ou até afogados em águas de saudades.

Eu gostava de ter segurado em minhas mãos um amor desses. Mas amor não se prende, se deixa solto a voar os percursos necessários para que cresça e faça ninho. Não te percebi bem, amor, daí tal como pássaro, foste. Bem sei que estás por aí, algures.

Eu gostava de te ver, de novo, amor.

7 comentários:

Rogério Christofoletti disse...

É sim.
E quando menos esperas, ele te assalta. Te pega por trás. Te pega no contrapé... a vontade é só dele...

Janne Alves de Souza disse...

Bravíssima!

Comunicação Interna - IDESP disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brenda disse...

Meu Deus, meu comentário saiu logado como Comunicação Interna - Idesp. Acho que é porque usava o e-mail lá... deleta, Ana, por favor, vou tentar entrar como Brenda... =]

Brenda disse...

"Um amor sem medo, ou mesmo assustado, que se atreva a tentar saber o que quer"...
Lindo texto, Ana, um presente. E muito bem exposto: como é difícil querer - e assumir o risco. Às vezes eu me pergunto quando começamos a sentir tanto medo dos outros, da decepção, do engano, da falta de reciprocidade, de ser e se assumir humano, com toda a sua vulnerabilidade, contradições,incertezas.
O amor nos deixa bagunçados por dentro, mas ainda mais caótico é perceber como vai ficando difícil sentir algo mais no decorrer desses nossos dias hiperativos e insossos.
Ah, um amor assim eu também quero. Amor sem doidice, mas com encanto. =]
Beijão,
Brenda

Brenda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
todo amor que houver nessa vida disse...

Em uma estrada, de volta pra casa depois de um final de semana a toa o amor ficou lado a lado e até hoje continua , mesmo que distante mas sempre autêtico ´, ( é como diz beto guedes) "o medo de amar é o medo de ser livre, pro que der e vier" lindo texto ANA.